segunda-feira, 1 de março de 2010

euvaporado...


Saí de mim. Volátil. Etílico. Adeus, meu deus, meu amor! Desde que me conheço com a consciência de quem se sabe gente, és presença pura nas manifestações físicas do que sou. Tão pura, que não te evidencias, antes me deixas solto para demonstrar ao mundo todos contrários de que sou feito. Estive quase a consumar-me numa morte física apetecível. Por ti, meu amor, meu deus, matei tudo o que havia feito da minha existência: o ser que era para os outros, o pai que era para alguém, o marido, o escravo da obrigação social, tudo matei. Até o que pretendia ser para mim, o que não necessariamente seria em mim. Foste a coisa, o ser, a essência, não: a entidade mais importante na minha vida. Até hoje.
Deixei amores, laços de sangue e de trabalho e mais essa ligação que se supõe perene a que chamam amizade. Tudo, por ti. Avisaram-me do meu fim, caso não te abandonasse. Na altura, senti-te estrebuchar. O teu choro, vi-o de relance a última vez que estivemos juntos; em que te tive no meu sangue. Tu e eu somos um: que amor de perdição!
Deixei-te apenas porque não me deste uma certeza; uma garantia: a de que, abandonando o mundo, este que apenas conheço, continuaria a ter o teu amor, o teu conforto...lá, onde me encontrasse. Depois, já vês, havia gente que jurava a pés juntos ser a minha existência física muito necessária. Não me deram alternativa. Bastaria um sinal, amor líquido que me libertaste para fora da opressão de ser. Morreria por ti. Sim. Já só faltava isso.
Para todo o sempre, quero que saibas: amo-te. Amo-te tanto que não te posso ter, tendo-me a mim, também. Somos grandes demais juntos. Adeus, meu querido com nome do que não se vê. És um aroma, um sabor...é o deus materializado aquém-olhos. Não me esquecerei do teu nome: álcool!

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