segunda-feira, 3 de maio de 2010

Doce Mulher



Há uma doença que afecta todos os homens: o machismo! Afecta mesmo aqueles que, coitados, estão em negação. O autor destas linhas é machista e precisa de ajuda. Enfim, quer tratar-se.
Esta doença tem origem tanto na totalitária biologia como nas tradições religioso-filosóficas milenares. Na origem, era o verbo, e a acção exige força. Vencia a testosterona.
Depois, vieram judaísmo, cristianismo e islamismo. Um caldo perfeito para o forte subjugar o fraco (fisicamente, entenda-se). Quando o forte fraquejava, ou seja, era humano, a fraqueza era imediatamente atribuída à mulher, esse demónio que a doença de que falo aconselhava dever estar sempre distante e bem controlada. Lembra-me um ditado medieval que dizia: "Nunca deixes à tua mulher pôr o seu pé sobre o teu, pois no dia seguinte a puta besta pôr-to-á sobre a testa."
Há entre nós homens, antigos e modernos, um mito: o da superioridade de género, a qual supostamente nos autoriza a fazer coisas que a elas são negadas. Mais grave: julgamo-las injustamente por actos que nós prórios praticamos.
Para durante tantos milénios terem estóicamente suportado tudo isto de que falo, só lhes posso atribuir, passe o pleonasmo, um atributo: a coragem! Mas uma coragem com contornos de doçura...é isso que as torna tão belas. E isso assusta o machista. Pode ser um sinal de superioridade moral, capaz de vencer todos os másculos bíceps do mundo.
Posso não ter a culpa de ser machista, mas tenho a responsabilidade de, pelo menos, tentar elevar-me moral e espiritualmente. Enfim, encontrar finalmente a igualdade. Um primeiro passo para a cura pode ser um singelo: "Perdoa-me, mulher porque sou fraco. Perdoa-me as ofensas, mesmo aquelas que me pareceram merecidas. Perdoa-me, doce mulher."

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