quinta-feira, 27 de maio de 2010

calma de morte...


O sono é, em vida, uma experiência sobrenatural: um contacto súbtil com a morte. Quando os opostos que nos habitam a todos se digladiam, é lá, nesse espaço, que encontramos a unicidade da alma.
O sonho? A presença da vida...incómodo necessário.
Dar aos perigos a importância que eles merecem. As mais das vezes, nenhuma. E atravessar a existência com a serenidade do que já foi. Vencê-los com uma indiferença benévola. Enfim, ser feliz não sendo absolutamente nada.

terça-feira, 25 de maio de 2010

a guerra dos dragões....



Não sou muito inclinado para visões proféticas do mundo, mas, a Oriente, tudo me assusta.
A crescente tensão entre as Coreias (dois Estados, um Povo)provoca-me arrepios e descargas eléctricas inesperadas. A ideia de um Apocalipse; de uma professia de Nostradamus é distante em mim, já disse. Mas está presente como uma névoa suave a entrar-me pelas narinas.
Gostava que as guerras fossem episódios do Dragon Ball. Infelizmente, são entre dragões de verdade. E, na Ásia, eles são mortíferos. Rezo ao Deus em que acredito e peço-lhe que tudo não passe de um pesadelo. Bom seria...Que Ele abençoe, nesta questão, a China. Só ela poderá dominar a ira dos seus vizinhos e irmãos desavindos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

amorosos desequilíbrios...


Da persistente dicotomia homem-mulher se poderá deduzir que a biologia é, de facto, muito bruta. Hábitos e tradições mudam. Assim como leis e costumes. Mas, insiste a genética: eu estou mais próximo de um chimpazé macho do que da minha querida amada. É cruel! Os cientistas deveriam ser todos impedidos de divulgar as suas descobertas. Milhares de anos de bela poesia amorosa para chegar à bela conclusão de que os seus excelentes autores se sentiam distantes da mulher amada por serem uns seres simiescos encantados com a beleza do inatingível. E, note-se, a mulher amada não se atinge pela carne. Isso é mera biologia. É pela alma! E é isso que poetas de todos os tempos fazem: sentir a alma da mulher e tentar aprisioná-la! Elevada pretensão. Vem, depois a crua e, repito, muito bruta ditadura biológica arrasar tudo. Condenados ao eterno afastamento. Como um castigo. Amargo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lisboa...


Há para aí histórias de homens que sorriram ao verem suas mulheres morrerem, com o argumento duvidoso de que elas nunca os veriam morrer. O amor que tenho por Lisboa, mais coisa menos coisa, é: que nunca veja Lisboa morrer. Percebem? Ao contrário! Tudo ao contrário....o meu egoísmo é tal que...a Cidade me sobreviva. A dor de a ver perecer é incomportável, percebem?

O Miguelito está tipo Mateus (não brinquem com facilidades tipo Rosé). A capítulos 11, pelas palavras de João, para aí, diz o homem: “És tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?” A minha mulher que, vejam bem!, amo mais que Lisboa (e, portanto, dêem lá desculpas ao bêbedo!), não tenho dúvidas que é a que chegou. Mas, perdoe-me ela, não antes de Lisboa! E, por isso a amo. A Cidade.

Pessoa, o tal Fernandito, poeta da treta, bebia bagaço e dizia disparates como :“A minha pátria é a língua portuguesa....” Meus queridos portugueses: Pessoa nazizou-se. A puta da nossa língua, para ele, bagaceiro, não queria dizer mais do que isto: “Onde quer que se fale português, estou em Portugal....” Império! E mais a obsessão pelo Tejo (obrigado, corrector... ) Obviamente, morreu de cirrose, no Hospital dos....Inglesinhos!

Tenho muito respeito pelo açougueiro metálico que a minha mulher (claro que não é minha – que palavrão horrível...) conheceu. Chegou a crer no Quinto Império....estórias do Daniel que, de certeza, também dava nela...Estátuas para o Nabuco curtir! Ah! E mais o Agostinho.....não o santo, entenda-se. Tanto e tanto, para dizer só isto: ninguém está acima da minha cidade. Ninguém!

Não gosto muito de citações. Mas, quem sou eu? No Oitavo Círculo, Dante fala para ali dos “Fraudulentos”. Lisboetas, amores da minha vida: vamos seguir o exemplo de Séneca: “Pelo exemplo dos outros, perecemos.” Não liguem ao Camões, nem ao António Vieira (imperium mihi- esse povo da -ou de?- palavra), nem ao Pascoaes.....esqueçam Pessoa. Vamos amar Lisboa!

Miguel G Palma (“é difícil respirar de noite”)

domingo, 16 de maio de 2010

um árabe cool....


Havia uma árabe muito cool. Chamava-se Al Cool! A sua obra mais divulgada (Al Cool-ran) ficou injustamente marcada por uma série de equívocos: os seguidores de Al Cool não são alcoólicos. Mentiras da História...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

perdão...


Perdão...que palavra simples e fácil...peço perdão, não com a cabeça. O perdão só tem espaço na alma. Se necessário for, rastejo. Sim: um gesto de humildade vale mais que essa palavra minúscula e maiúscula; que essa coisa que sai do cérebro e não do coração. E é assim, meu amor, que te digo :PERDOA-ME! Com a alma, se a cabeça to não deixar...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

dos efeitos da chuva na política


As pessoas da minha geração devem, concerteza, recordar-se daquelas adoráveis mas terríveis criaturas conhecidas por Gremlins. Os Gremlins tinham a particularidade de se multiplicarem quando dentro de água.
Ora, se estivermos atentos ao que tem acontecido na nossa vida política após seis meses consecutivos de chuva (fenómeno raro nestes não-sei-quantos hectares de terras de amenos climas) verificamos estar a dar-se uma gremlinização dos nossos bocejantes representantes partidários. Passos Coelho, mal ganhou o congresso, socratizou-se. Mesmo o aparentemente inexorável Louçã já apresenta parecenças fisionómicas e de estilo com os dois. Os três, por sua vez, afiguram-se como reproduções do mais temível dos Gremlins: Portas.
Tenho a sensação de que Jerónimo de Sousa tem andado impermiabilizado até às unhas. Bem haja!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Doce Mulher



Há uma doença que afecta todos os homens: o machismo! Afecta mesmo aqueles que, coitados, estão em negação. O autor destas linhas é machista e precisa de ajuda. Enfim, quer tratar-se.
Esta doença tem origem tanto na totalitária biologia como nas tradições religioso-filosóficas milenares. Na origem, era o verbo, e a acção exige força. Vencia a testosterona.
Depois, vieram judaísmo, cristianismo e islamismo. Um caldo perfeito para o forte subjugar o fraco (fisicamente, entenda-se). Quando o forte fraquejava, ou seja, era humano, a fraqueza era imediatamente atribuída à mulher, esse demónio que a doença de que falo aconselhava dever estar sempre distante e bem controlada. Lembra-me um ditado medieval que dizia: "Nunca deixes à tua mulher pôr o seu pé sobre o teu, pois no dia seguinte a puta besta pôr-to-á sobre a testa."
Há entre nós homens, antigos e modernos, um mito: o da superioridade de género, a qual supostamente nos autoriza a fazer coisas que a elas são negadas. Mais grave: julgamo-las injustamente por actos que nós prórios praticamos.
Para durante tantos milénios terem estóicamente suportado tudo isto de que falo, só lhes posso atribuir, passe o pleonasmo, um atributo: a coragem! Mas uma coragem com contornos de doçura...é isso que as torna tão belas. E isso assusta o machista. Pode ser um sinal de superioridade moral, capaz de vencer todos os másculos bíceps do mundo.
Posso não ter a culpa de ser machista, mas tenho a responsabilidade de, pelo menos, tentar elevar-me moral e espiritualmente. Enfim, encontrar finalmente a igualdade. Um primeiro passo para a cura pode ser um singelo: "Perdoa-me, mulher porque sou fraco. Perdoa-me as ofensas, mesmo aquelas que me pareceram merecidas. Perdoa-me, doce mulher."