
Há para aí histórias de homens que sorriram ao verem suas mulheres morrerem, com o argumento duvidoso de que elas nunca os veriam morrer. O amor que tenho por Lisboa, mais coisa menos coisa, é: que nunca veja Lisboa morrer. Percebem? Ao contrário! Tudo ao contrário....o meu egoísmo é tal que...a Cidade me sobreviva. A dor de a ver perecer é incomportável, percebem?
O Miguelito está tipo Mateus (não brinquem com facilidades tipo Rosé). A capítulos 11, pelas palavras de João, para aí, diz o homem: “És tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?” A minha mulher que, vejam bem!, amo mais que Lisboa (e, portanto, dêem lá desculpas ao bêbedo!), não tenho dúvidas que é a que chegou. Mas, perdoe-me ela, não antes de Lisboa! E, por isso a amo. A Cidade.
Pessoa, o tal Fernandito, poeta da treta, bebia bagaço e dizia disparates como :“A minha pátria é a língua portuguesa....” Meus queridos portugueses: Pessoa nazizou-se. A puta da nossa língua, para ele, bagaceiro, não queria dizer mais do que isto: “Onde quer que se fale português, estou em Portugal....” Império! E mais a obsessão pelo Tejo (obrigado, corrector... ) Obviamente, morreu de cirrose, no Hospital dos....Inglesinhos!
Tenho muito respeito pelo açougueiro metálico que a minha mulher (claro que não é minha – que palavrão horrível...) conheceu. Chegou a crer no Quinto Império....estórias do Daniel que, de certeza, também dava nela...Estátuas para o Nabuco curtir! Ah! E mais o Agostinho.....não o santo, entenda-se. Tanto e tanto, para dizer só isto: ninguém está acima da minha cidade. Ninguém!
Não gosto muito de citações. Mas, quem sou eu? No Oitavo Círculo, Dante fala para ali dos “Fraudulentos”. Lisboetas, amores da minha vida: vamos seguir o exemplo de Séneca: “Pelo exemplo dos outros, perecemos.” Não liguem ao Camões, nem ao António Vieira (imperium mihi- esse povo da -ou de?- palavra), nem ao Pascoaes.....esqueçam Pessoa. Vamos amar Lisboa!
Miguel G Palma (“é difícil respirar de noite”)